quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Adoção – parte 1: Gato de raça ou vira-lata?


Então você decidiu ter um amigo gato. Parabéns! Se souber como cativá-lo e respeitá-lo terá um companheiro fiel e carinhoso por mais de 10 anos. Agora vamos ver onde podemos adquiri-lo. Hum... Comprar em um pet shop, na feira de criadores, resgatar no centro de controle de zoonoses, em um abrigo, ou de uma ninhada acidental da gata de uma senhora da vizinhança. São muitas as opções. Mas se você já estiver sacando seu dinheiro e indo em direção àquela tentadora bolinha de pelos muito bem escovados e perfumados na vitrine de uma loja, peço que espere um pouco e saiba antes algumas coisas.

É direito de cada um escolher seu animal de estimação e como vai adquiri-lo pelos meios legais, e ninguém tem nada com isso. Mas todos que optam por comprar um animal de raça deveriam ser conscientizados a respeito da realidade dos animais sem raça, bem como da forma desumana que muitos animais de raça são reproduzidos.

Enquanto você gasta algumas centenas ou até milhares de reais para comprar um amigo com um certificado genético, incontáveis gatinhos são sacrificados em centros de zoonoses ou descartados em abrigos pobres e super lotados. Sendo que a grande maioria dessas vítimas são filhotes saudáveis. Via de regra os centros de controle de zoonoses de cada cidade (conhecidos como CCZs) costumam receber cães e gatos e dão a eles o curto prazo de 3 dias para serem resgatados dali; ou serem mortos, independente das condições de saúde e do temperamento deles.

Quanto aos gatinhos jogados para dentro dos abrigos, provavelmente vão passar o restante dos longos anos de suas vidas presos em uma gaiola ou viveiro, se acotovelando entre outros tantos rejeitados como eles. Por mais que tenham boa vontade e dedicação, normalmente as pessoas responsáveis por esses lugares não conseguem suprir todas as necessidades desses animais, pois o abandono destes para dentro dos abrigos é sempre maior que a disponibilidade de recursos. Assim esses ambientes se tornam super lotados e insalubres.

Por outro lado, uma verdadeira indústria de produção em massa se esconde por trás do suposto status dos animais com pedigree. Existem sim alguns criadores sérios e preocupados com o bem estar dos seus animais; mas o que mais vemos são os chamados “criadores de fundo de quintal” ou “fábricas de filhotes”. Pessoas descompromissadas que apenas visam o lucro no comércio indiscriminado de animais. Obrigam suas fêmeas a emprenharem em todos os cios, sem intervalos, e retiram precocemente os filhotes das mães antes do desmame para vendê-los o mais rápido possível. Temos então fêmeas exaustas, com baixa expectativa de vida, que serão descartadas após não serem mais úteis para a produção de filhotes. Temos também filhotes traumatizados, com problemas de comportamento por não terem recebido a tempo toda a educação felina da mãe.

E mesmo dentre os tais “criadores sérios” a indústria do aprimoramento genético artificial deixa marcas de sofrimento nos animais; ao deformar a anatomia original, natural e saudável deles. Por exemplo: Dentre os gatos a raça mais popular é o persa. ...Que é também o gato mais propenso a ter problemas de saúde. Originalmente o persa era apenas um gato robusto e peludo, mas foram os caprichos humanos que fizeram os criadores selecionarem para o cruzamento gatos com a cabeça e o nariz cada vez mais disformes, a fim de criarem gatos sem focinho com sérias dificuldades para respirar e se alimentar, com uma cabeça tão larga dos filhotes que torna impossível o parto normal, sendo necessária a cesariana para a mãe não morrer, e com olhos abaulados que lacrimejam constantemente. Não é o caso de absolutamente todos os persas no mundo, mas a maioria é assim e sofrem muito com esses problemas.
 E devido a cruzamentos realizados entre gatos parentes ou graças à ausência de seleção natural, essa e outras raças apresentam tendências a uma série de doenças graves hereditárias. O renomado livro “Enciclopédia do Gato Royal Canin”, da editora Aniwa Publishing, lista as principais doenças de algumas raças. Clique na imagem abaixo para ampliá-la e ler.
 Por outro lado, os gatos “vira-latas” tendem a ser os mais saudáveis, pois foram as condições naturais que os selecionaram para a sobrevivência; e não a mão do homem moldando formas estranhas ao seu bel prazer. Além disso, se você for adotar seu amiguinho em um CCZ, na rua, ou um abrigo, não existe satisfação maior do que saber que fomos responsáveis por salvar uma vida. E pode ter certeza que esse animal saberá disso e te retribuirá muito amor. Aqui no blog na coluna da direita tem uma lista de links com sites de adoções. Procure saber se na sua cidade existe alguma entidade protetora, feira de adoção ou se a prefeitura recolhe animais para sacrificá-los. Ah! Só faltou falar da ninhada acidental de gatinhos de alguém na sua vizinhança. É uma boa idéia também adotar um filhote assim. Pois muitas vezes, quando não conseguem donos para todos, as pessoas acabam abandonando os filhotes. Aproveite para conversar com os donos da gata sobre a possibilidade de castrarem ela. ...Mas isso já é assunto para um outro tópico!
Nos vemos 6ª feira! Até lá! Abraços e fiquem com Deus. 

2 comentários:

  1. Minhas duas filhotas foram resgatadas da rua, e são lindas e saudáveis... também acho horrível essas deformações que fazem nos bichanos para criarem essas raças "chiques"...

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  2. Esse gatinho amarelo com branco já foi doado?

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